Dando continuidade à parceria Food Ventures e GEPEA, neste mês de abril vamos aproveitar a Páscoa para abordar o tema: “Chocolate: cadeia de produção e tendências”. No texto desta semana falaremos sobre o caminho do chocolate – do cacau às prateleiras de supermercado.
A parceria entre o GEPEA e a Food Ventures visa criar um conteúdo rico. O intuito é trazer a visão de negócios da Food Ventures em conjunto com a visão acadêmica da Empresa Júnior.
Aproveite a leitura!
Um ecossistema agridoce
Chocolate em barra, ovos de Páscoa, bombons, trufas, achocolatado, chocolate em pó. Diversas são as formas em que encontramos esse produto final e infinitas são as receitas com esse ingrediente presente. Mas como o chocolate evoluiu de amêndoa fermentada e torrada do cacau para o que conhecemos hoje?
A história do chocolate tem seu início nas civilizações pré-colombianas da América Central. Ele era consumido na forma de uma bebida quente e amarga, de uso exclusivo da nobreza. Com as colonizações europeias e a chegada desse alimento a um novo continente, vários aprimoramentos e adequamentos foram feitos até chegar no produto que consumimos atualmente.
O caminho da produção de chocolate é agridoce justamente por estar diretamente relacionado à colonização. As necessidades climáticas para o cultivo do cacau mostraram que seria impossível seu plantio na Europa. Por isso os países de clima tropical úmido continuaram sendo os principais fornecedores de matéria-prima para sua produção.
Américas, África e sua relação com o chocolate
Levando em conta que a maioria dos países europeus colonizou territórios latino-ameicanos e africanos, que são, precisamente, países de clima tropical úmido, já conseguimos entender o resultado final dessa conta.
Dados do site Visual Capitalist nos mostram que atualmente os maiores produtores de cacau estão na África Ocidental. Países como Costa do Marfim, Gana e Camarões são responsáveis por mais de 70% da produção global de cacau e a exportação do produto tem papel fundamental em suas respectivas economias.
Enquanto a indústria de 130 bilhões de dólares de chocolate precisa do cultivo de cacau para sobreviver, muitos produtores ganham menos de um dólar por dia. Os maiores importadores de semente de cacau estão entre os maiores exportadores de chocolate – países como Alemanha, Bélgica e Holanda.
Abaixo da linha da pobreza
A baixa renda dos produtores de cacau acaba sendo revertida em outros inúmeros problemas. Como estão impossibilitados de sustentar os custos da produção de cacau, os produtores acabam empregando crianças, e a consequência disso são crianças que não frequentam a escola, que são expostas a condições de trabalho perigosas e são remuneradas com o mínimo.
O Banco Mundial estabeleceu o limite de ganho de $1,90 por dia como sendo de extrema pobreza. Enquanto isso, os produtores de cacau em Gana fazem $1 por dia e os da Costa do Marfim $0,78, ou seja, os dois significativamente abaixo da linha da extrema pobreza.
Meio Ambiente e a indústria do chocolate
A produção de cacau é uma das responsáveis pelo desmatamento e agricultura ilegal na Costa do Marfim e em Gana.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, a dificuldade de monitorar, gerir e trabalhar com pequenos produtores, devido ao grande número desses trabalhadores na produção de cacau, leva à má gestão dos cacaueiros existentes, à derrubada de florestas para novas plantações, à destruição de ecossistemas, perda da biodiversidade, erosão do solo, sedimentação em córregos, entre outras questões.
Como melhorar?
Alguns dos maiores fabricantes de chocolate do mundo, como Nestlé e Hershey, fizeram várias promessas para erradicar o trabalho infantil nas plantações de cacau. Medidas também foram tomadas por organizações como UTZ Certified e Rainforest Alliance, e pelos governantes de Gana e Costa do Marfim.
No que diz respeito ao meio ambiente, podemos citar o exemplo de cultivo sustentável que acontece no Brasil. Como explica o blog da Dengo, marca de chocolates do fundador da Natura, o cacaueiro é uma árvore que se desenvolve em lugares tropicais, com temperaturas superiores a 21ºC, sendo fortemente cultivado no Norte e Nordeste do país por esta razão.
Como nessas regiões o cacaueiro é uma árvore nativa, que se desenvolve em meio à floresta, a produção é feita de maneira sustentável através da agroecologia, de maneira conhecida como cabruca. Este método de plantio implica em plantar em meio à vegetação nativa. Além disso, envolve a população local, indígenas e quilombolas, na cadeia produtiva para gerar trabalho e renda.
Por fim, pode-se concluir que a história do cacau traz consigo uma triste bagagem que tem consequências até hoje. Porém, com o maior conhecimento e iniciativas sustentáveis de produção, é possível que possamos amenizar cada vez mais os resquícios dessa história.
Gostou de saber mais sobre o ecossistema que envolve o chocolate? Desenvolve algum produto ou tem alguma empresa que trabalhe com isso? Conte para nós!
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