Segundo a pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o setor nacional de alimentos e bebidas cresceu 12,8% em faturamento em 2020. Além disso, comparado a 2019, atingiu R$ 789,2 bilhões, somadas exportações e vendas para o mercado interno.
Hoje, o Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo, com US$ 38,2 bilhões, o que representa 64,4% do total da balança comercial brasileira.
Isso torna a indústria de alimentos a mais representativa do país em praticamente todos os aspectos, inclusive na geração de resíduos. Entretanto, a boa notícia é que podemos tornar esse processo mais sustentável e até gerar energia.
Resíduos da indústria alimentícia
Os resíduos alimentares são as sobras ou resquícios provenientes das atividades de pré-preparo, preparo, distribuição de alimentos e da limpeza das áreas empresas do setor de alimentos. Quando não tratados, os resíduos podem ser focos de proliferação de insetos, roedores e de doenças.
Os principais resíduos que a indústria de alimentos gera são os efluentes industriais (biológicos e químicos) e resíduos sólidos provenientes da produção dos alimentos.
Os abatedouros, matadouros e frigoríficos geram o maior número de efluentes biológicos. Eles são resultantes de lavagens, como por exemplo, de piso, caixas de transporte, sala de abate e das águas de cozimento de embutidos.
Mas os efluentes biológicos também vêm da água proveniente da lavagem de máquinas e equipamentos; dos efluentes sanitários; do líquido procedente da limpeza da caixa de gordura das fábricas e restaurantes; entre outros.
Já os resíduos sólidos orgânicos nos são mais familiares. Por exemplo, cascas de frutas e legumes; produtos alimentícios vencidos ou fora de especificação; sobras de alimentos de restaurantes, supermercados, feiras e centros de distribuição.
Como tratar os resíduos
Para os efluentes biológicos os tratamentos mais utilizados são o processo aeróbio e anaeróbio, onde agentes biológicos, como por exemplo bactérias, algas e protozoários, que atuam para degradar a matéria orgânica dos resíduos.
O tratamento dos chamados efluentes industriais, ligado aos processos industriais ou esgotos sanitários, acontece nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), onde a aeração é realizada por misturadores e, ao final do processo, o esgoto tratado retorna ao meio ambiente segundo a legislação ambiental vigente.
Para todos compreenderem, aeração é o processo, no qual se transfere oxigênio para água que se encontra em estágio de tratamento. É a aeração que se encarrega de fornecer oxigênio suficiente para que as reações biológicas do tratamento dos efluentes se desenvolvam.
Como as empresas muitas vezes não possuem espaço ou não podem investir na própria estação de tratamento, é comum que elas terceirizem esse serviço e garantam que estarão dentro das normas mais exigentes.
Por fim, os resíduos sólidos são tratados em um sistema natural chamado “compostagem”. Método em que a degradação estabiliza a matéria orgânica e cria um composto muito rico que é utilizado como fertilizante na agricultura.
Resíduos que geram energia
Com o encarecimento da energia elétrica no Brasil e devido à necessidade de diversificação na matriz energética, a implantação de fontes alternativas de energia tem sido cada vez mais estimulada.
Uma maneira sustentável de gerar energia é por meio da biomassa. A biomassa compreende todas as matérias orgânicas utilizadas como fontes de energia. Os resíduos agrícolas, madeira e plantas – como por exemplo a cana-de-açúcar, o eucalipto e a beterraba.
As plantas armazenam energia solar e a transformam em energia química o que possibilita a conversão em combustível ou calor e, consequentemente, em eletricidade. Além disso, como o plantio e o replantio são contínuos, considera-se biomassa um recurso renovável.
Para usarmos exemplos do setor alimentício, a bagaço de cana-de-açúcar é o recurso com maior potencial de uso como biomassa na geração de energia elétrica no país. O setor sucroalcooleiro gera uma grande quantidade de resíduos, que servem como biomassa, principalmente em sistemas de cogeração.
Outras variedades vegetais com grande potencial para a produção de energia elétrica são o azeite de dendê, o buriti, o babaçu e a andiroba. Eles surgem como alternativas para o abastecimento de energia elétrica em comunidades isoladas, sobretudo na região amazônica.
Exemplo
De acordo com a reportagem do jornal do Estado de S. Paulo de dezembro de 2021 noticiou que a Camil Alimentos divulgou um comunicado no qual informa que concluiu sua primeira emissão de debêntures com selo verde para investimento na construção de uma nova termelétrica. Segundo a empresa, a iniciativa possibilitará o aumento da capacidade da companhia de geração de energia renovável utilizada nas unidades industriais de grãos no Brasil.
Com a nova usina, movida a biomassa, a Camil quer aproveitar a casca de arroz proveniente de um de seus processos industriais para a geração de energia. “A casca do arroz tem alto poder calorífico e regularidade térmica próprios para a produção de processos termelétricos, sendo uma alternativa mais sustentável frente a combustíveis fósseis“, relata a matéria.
Biogás também é opção
Ademais, outra maneira sustentável de gerar energia com os resíduos alimentícios é por meio do biogás, que é um tipo de biocombustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos (de origem vegetal ou animal), que geram uma mistura de gases, cuja maior parte é composta de metano.
Por sua vez, pode-se aproveitar o metano, que é um gás combustível, para a geração de energia térmica, elétrica e como combustível veicular.
De acordo com a matéria do site Broadcast, a empresa EVA energia ressaltou que o potencial energético do biogás gerado em fazendas de criação de suínos e gado, o chamado “pré-sal caipira“, e as oportunidades que os aterros sanitários de grandes cidades trazem para a geração de energia próxima aos centros de consumo têm chamado a atenção de empresas.
“No pré-sal caipira, a empresa produz hoje 2 megawatts (MW) de energia aproveitando dejetos sólidos e líquidos de 300 mil suínos de uma fazenda da cidade de Ipiranga do Norte, em Mato Grosso. Esse projeto está em fase de ampliação, o que levará a capacidade instalada a 4 MW a partir de fevereiro de 2022″, informa o site.
Por fim, ficou interessado e gostaria de saber mais como tornar sua empresa mais sustentável e reaproveitar ao máximo os resíduos? Entre em contato com o GEPEA.