Uso de agrotóxicos no Brasil e o impacto na indústria alimentícia

O uso de agrotóxicos no Brasil representa sempre um risco para produtores agrícolas e consumidores e, por esse motivo, é consensual que seu uso deve ser reduzido ao máximo. 

Infelizmente, em grande parte das formas de cultivo, a produção 100% orgânica ainda não é realidade.

No cenário mundial, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos da atualidade, principalmente acima de níveis que são considerados seguros. 

Diversos estudos comprovam os malefícios para a saúde humana da exposição aos agrotóxicos.

Há também a implicação ambiental, já que estes produtos estão envolvidos na contaminação de solos e águas e podem causar danos aos demais seres vivos, levando-os inclusive à morte.

Neste post, você vai entender melhor o espaço que os agrotóxicos têm na indústria alimentícia, a importância de os consumidores se preocuparem com esse tema e como o profissional dessa área tem papel ético fundamental nesse assunto.

Uso de agrotóxicos no Brasil: mercado industrial

O uso de agrotóxicos no Brasil tem como principal justificativa, por parte dos produtores rurais, a proteção contra pragas.

São consideradas pragas todos os tipos de agentes nocivos a plantas, como insetos, ácaros, fungos, bactérias, vírus e plantas daninhas.

Como o Brasil é um país tropical, a tendência ao aparecimento desses tipos de pragas sempre foi mais acentuada, já que esses agentes podem se multiplicar com mais rapidez aqui.

Em muitos países, o uso dos agrotóxicos é rigorosamente regulamentado e fiscalizado. Aqui no Brasil existe uma legislação específica que regulamenta o uso destas substâncias, prevista na Lei 7.802/89

Essa lei discorre sobre pesquisa, experimentação, produção, embalagem, rotulagem, transporte, armazenamento, comercialização, propaganda, utilização, importação, exportação, destinação final de resíduos e embalagens, registro, classificação, controle, inspeção, fiscalização, componentes e afins. 

Entretanto, é clara a falta de fiscalização das práticas orientadas por essa lei, já que existe ainda um comércio ilegal, e até mesmo livre, de produtos que não são permitidos.

Estes produtos, por não possuírem origem conhecida, não apresentam a garantia de qualidade necessária, colocando em risco todos os envolvidos neste processo, do produtor ao consumidor final.

Além disso, muitos agrotóxicos ainda permitidos aqui já foram proibidos em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e diversos outros da Europa, por terem comprovadas, em pesquisas, suas características prejudiciais à saúde humana.

Mais do que as intoxicações agudas de fácil identificação e que ocorrem o tempo todo, o mais problemático são as intoxicações crônicas decorrentes de exposição a baixas dosagens por longos períodos, como câncer, Mal de Parkinson, depressão, suicídio, malformação congênita, prematuridade, puberdade precoce, infertilidade, entre outros. 

Outro aspecto triste desse cenário de uso de agrotóxicos no Brasil é a falta de incentivo das autoridades governamentais no sentido de formalizar uma educação voltada para a produção rural. 

Isso também se torna um fator agravante no que diz respeito ao uso responsável e seguro dos agrotóxicos, uma vez que seu acesso ao público é muito facilitado, podendo ser comprado e utilizado por qualquer produtor que contenha cadastro. 

Produção sustentável

Com o passar dos anos, a discussão acerca dos agrotóxicos tem ganhado mais espaço, não apenas por ser uma questão polêmica, mas porque os próprios consumidores estão se tornando mais responsáveis na escolha do que comem e, consequentemente, as empresas observam essa preocupação e buscam se ajustar, melhorando cada vez mais esse aspecto da produção.

A chamada agroecologia, um meio ecologicamente correto e viável de se manejar e cultivar as plantas, apresenta técnicas e propostas de produção de alimentos que visam romper com a visão atual que se tem na agricultura do Brasil.

As empresas alimentícias antenadas a esse cenário cada vez mais sustentável precisam se adaptar e entender que tipo de produção, de matéria-prima, devem valorizar.

Podemos dizer que o cuidado com o solo, o planejamento de cultivo (visando aos conhecimentos ecológicos sobre sucessão de espécies), o plantio de variedades nativas e o uso de interação entre espécies (policultura) estão entre as técnicas utilizadas no modelo agroecológico de produção. 

Assim, as matérias-primas se desenvolvem melhor no ambiente de cultivo, ao contrário daquelas não nativas em monoculturas, que exigem maior quantidade de agrotóxicos por não estarem fortemente adaptadas ao ambiente. 

O papel do profissional de alimentos

Como vimos anteriormente, um dos problemas da questão de agrotóxicos no Brasil é a falta de fiscalização.

O fator mais importante é a manutenção da ética do profissional de alimentos que, muitas vezes, é deixada de lado em virtude da busca por lucro com um maior volume de produto comercializado.

Quando falamos nesse profissional, estamos nos referindo a todos aqueles que fazem parte do processo de produção, embalagem, armazenamento, transporte e comércio da indústria de alimentos. 

É prática comum nessa área o funcionário de uma empresa receber as famosas comissões pela venda de um produto ou de determinados “pacotes” de produtos, pouco importando se a plantação precisa daquela aplicação, o que faz com que os alimentos fiquem cheios de agrotóxicos desnecessariamente. 

Por isso, o profissional de alimentos de uma empresa preocupada com a sustentabilidade deve ser capacitado e ético para impedir que esse tipo de produto passe despercebido na produção, principalmente o engenheiro de alimentos, que tem papel fundamental dentro da produção.

A comunicação entre o engenheiro de alimentos e o empresário deve ser próxima e todos os funcionários da indústria devem estar em conformidade com a questão da responsabilidade do uso de agrotóxicos.

Dessa forma, o papel dele é incentivar o uso cada vez mais sustentável das habilidades da empresa, através de pesquisas sobre esse campo e sobre alternativas viáveis, saudáveis para consumo e para o meio ambiente, sem comprometer a boa produtividade para os negócios.

Segundo o Sebrae, o caminho para a produção e exportação de alimentos orgânicos tem se expandido no Brasil com o crescimento do número de indústrias sustentáveis que chegam ao mercado e de normas que regularizam também essa categoria, o que representa uma característica positiva em meio a esse cenário alarmante.

Isso significa que é possível sim ter uma empresa com boa lucratividade e que investe em produção orgânica e sustentável como deve ser.

Portanto, se você tem interesse em adotar a sustentabilidade no seu negócio, indo contra o uso de agrotóxicos no Brasil, tenha certeza de que sua empresa tem um caminho aberto e cheio de possibilidades grandiosas. Quer saber como? Conheça nossos serviços!

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