O futuro da alimentação e o papel das empresas do setor

Quando falamos sobre o futuro da alimentação, há dois fatores de extrema importância que devem ser levados em consideração:

  • Os hábitos de consumo das pessoas; 
  • O papel das empresas na absorção desses hábitos e na oferta de novas opções.

O nosso artigo de hoje irá focar principalmente no papel das empresas no que gostamos de chamar de “futuro da alimentação”. Ou seja, a transformação vivida pelas pessoas, e pela sociedade, ao longo dos anos em relação ao consumo diário de alimentos.

Por se tratar de um assunto técnico tomamos a decisão de manter a linguagem sempre a mais próxima do usual possível, assim garantimos que as informações cheguem em mais pessoas.

Fique confortável e aproveite a leitura!

Carne à base de insetos? Este é o futuro da alimentação?

A carne talvez seja o maior exemplo dentro das iniciativas que miram o futuro da alimentação. Sabemos que a produção de carne bovina traz consequências:

  • Desmatamento das áreas verdes (usadas na formação de pastos); 
  • Consumo de grande quantidade de água durante a fabricação; 
  • Emissão de gases de efeito estufa.

Com a escassez destes recursos podemos prever que os alimentos ficariam cada vez mais caros, ou seja, se alimentar de carne será cada vez mais difícil para a média da população. O que nos leva ao crescimento do público engajado na alimentação vegetariana e vegana.

Esses novos consumidores fizeram surgir inovações no mercado, muitas vezes buscando o substituto ideal da carne bovina.

Por ser um consumidor que tem a alimentação vegana e vegetariana como opção – e não como escolha ideológica – o consumo de insetos surge como fonte de proteína.

Para se ter um parâmetro, são quase 2 mil espécies comestíveis, elas também podem ser transformadas em farinha ou carne processada.

E quanto aos alimentos plant based? O que dizer sobre eles?

O conceito Plant Based Diet (dieta à base de plantas) traz as proteínas vegetais como outra opção para o futuro da alimentação.

Uma das primeiras a trazer essa novidade foi a empresa Impossible Foods, ela atraiu investidores bilionários (nomes como Google e Bill Gates). Já são mais de US$ 250 milhões na criação de um hambúrguer a base de vegetais como alternativa ao de carne animal.

O produto que levou o nome de Impossible Burger causa espanto, tamanha a semelhança do seu gosto em relação aos hambúrgueres “normais” – tanto que o conceito de hambúrguer normal já está sendo abandonado, hoje tratamos como carne bovina ou carne vegetal.

O Impossible Burguer é feito com combinação de ingredientes diversos, entre eles a beterraba, o trigo, a proteína de batata e até o óleo de coco.

Existe também um modelo de carne natural desenvolvida em laboratório. Essa versão levou o nome de Clean Meat, carne limpa.

Neste ramo, a MosaMeat (holandesa) desenvolveu uma maneira de produzir alimento com base no tecido animal utilizando células tronco, o objetivo da empresa é criar bifes e filés a partir destas células.

A aposta da empresa é colocar no mercado um hambúrguer sintético até 2021.

Já a WeWork anunciou aos seus 6 mil funcionários em todo o mundo que retirou a carne do cardápio servido nas empresas. A empresa também deixou claro que não irá mais custear as refeições que tenham carne bovina, de ave ou de porco.

O cofundador da empresa, Miguel McKelvey diz: “as novas pesquisas indicam que evitar carne é uma das melhores coisas ao indivíduo, importante para reduzir seu impacto pessoal no meio ambiente”.

Quer mais dicas? Leia o texto “Indústria de Alimentos: como obter sucesso neste mercado

O futuro da alimentação na nova experiência de compra dos consumidores

O que foi chamado de indústria 4.0 – baseada em Machine Learning e Inteligência Artificial – é um movimento que está revolucionando as fábricas, os comércios e os restaurantes. Dentre as diversas iniciativas estão as transformações que lidam com o futuro da alimentação.

Por exemplo, a Amazon inaugurou uma “loja inteligente”, em Seatle. Na Amazon Go há caixas que não necessitam dos atendentes. Você faz as compras instalando um aplicativo e  identificando os produtos com o QR Code.

Na prática você apenas pega o produto da prateleira, aponta o celular para ele e depois coloca o produto no carrinho, o valor será cobrado diretamente da sua conta bancária.

Já o monstruoso e-commerce Alibaba investiu bilhões de dólares em lojas físicas, com a intenção de ampliar sua influência. A empresa investe em soluções tecnológicas e busca oferecer novas experiências aos consumidores.

Eles criaram o Fashion Al, um novo modelo que integra inteligência artificial para fazer recomendações de produtos, ajudando os clientes em decisões de compra.

E os restaurantes? Qual é o papel deles no futuro da alimentação?

Todos conhecem exemplos de supermercados em que os clientes são atendidos por totens e até os estoques são gerenciados por robôs, mas e quanto aos restaurantes? Eles estão na linha de frente da alimentação diária de muitas pessoas, quais são as inovações neste setor? 

A startup Creator inaugurou um restaurante onde a produção do hambúrguer foi automatizada, aumentando a eficiência. Os clientes fazem o pedido com o auxílio de um totem (que pode ser um Ipad ou tablet comum).

Lá dentro a máquina vai moer e fritar a carne, ao mesmo tempo outro setor irá selecionar os ingredientes. O processo todo leva cerca de cinco minutos. O preço médio dos lanches está em torno de US$ 6,00.

O futuro da alimentação se preocupa com o propósito das empresas

A poluição gerada por produtos descartáveis tem gerado debates importantes sobre como diminuir o impacto dos materiais na natureza. O plástico despontando como o maior vilão em um mercado de alto consumo e alta produtividade.

Neste sentido, as empresas estão mudando a forma de agir e de se posicionar diante dos problemas da sociedade.

Por exemplo, a Starbucks anunciou a eliminação dos canudos plásticos de seus restaurantes. O McDonald’s também deixou de entregar canudos aos clientes sem que eles peçam.

As soluções sustentáveis também estão refletidas nas embalagens de alimentos e pode ser uma oportunidade para desenvolver ideias inovadoras. Algumas são:

  • Embalagens comestíveis; 
  • Aquelas capazes de preservar alimentos por maior tempo;
  • E também as feitas com materiais não poluentes ou orgânicos.

Quais são as principais preocupações no futuro da alimentação?

As mudanças climáticas devem afetar a distribuição de comida para população ao redor do globo. O que traz alta concentração e aglomeração nas estruturas urbanas.

Com uma baixa disponibilidade de alimentos nos campos, as pessoas migram para as cidades, aumentando a demanda por produção em massa. Há também, a diminuição de áreas de plantio de alimentos.

Portanto, todos os projetos que falam sobre o futuro da alimentação precisam mirar nesses dois problemas principais.

Podemos citar, por exemplo, galpões e edifícios onde as plantas são cultivadas com auxílio de dispositivos feitos para controlar elementos como irrigação e iluminação.

A alemã Infarm desenvolve estufas para hortas dentro de um galpão utilizando produtos regionais e depois as revende a restaurantes e mercados.

O que os consumidores querem da alimentação do futuro?

Os consumidores agora estão preocupados e seletivos em relação a tudo o que comem. Buscam opções de produtos saudáveis e exigem transparência sobre as formas de produção dos alimentos.

Se antes o consumidor lia rótulos apenas para saber o que ele estava ingerindo, hoje esse consumidor quer saber como foi produzido e se há alternativas mais saudáveis para esse consumo.

Essa mudança no perfil do consumidor fez gigantes como a Coca-Cola desenvolver alternativas para suas bebidas. A companhia refez as receitas de 60 produtos, diminuindo o teor de açúcar em 42 delas.

A PepsiCo. também investe na diversificação do portfólio. A empresa reduziu o sódio e o açúcar na fórmula de seus produtos. Há também uma repaginação da comunicação visual com os clientes, a empresa agora tenta associar-se com imagens mais naturais e leves.

A Mars, a fabricante do chocolate Twix, passou a indicar em todas as suas embalagens se o produto deve ser consumido apenas ocasionalmente. O objetivo da empresa é garantir que todos os chocolates da marca tenham este aviso até 2021.

Saiba também mais sobre a conservação de alimentos e quais fatores que influenciam esse processo.

O que as empresas estão fazendo para manter o sabor dos seus produtos?

Precisamos falar sobre algumas questões importantes em relação ao que chamados de futuro da alimentação: já deixamos claro que a sustentabilidade é uma delas, mas também temos que chamar a atenção para o fator humano.

As pessoas gostam de comer carne bovina, de consumir carnes de aves e suínos, de provar refrigerantes com altas taxas de açúcar e consumir chocolates calóricos. Está no hábito de consumo de muitos e isso leva tempo para mudar.

A luta das marcas não é apenas para encontrar soluções mais práticas ou mais baratas, a luta verdadeira está em encontrar algo que seja atrativo comercialmente, saudável e gostoso – sendo que este último quesito tem um peso enorme nas decisões.

Hambúrgueres vegetais só são tão famosos quanto o sabor permite que eles sejam, o mesmo para os refrigerantes e chocolates com baixo açúcar. Todos os movimentos das empresas são para navegar no mar da sensibilidade dos consumidores.

Outros exemplos de inovação no setor alimentício

A empresa canadense TellSpec está desenvolvendo um scanner portátil de alimentos. A ideia é que o dispositivo seja capaz de informar sobre os ingredientes específicos e os macronutrientes, incluindo até mesmo alérgenos e toxinas.

Já o SCiO, de Israel, utiliza tecnologia semelhante. Ele foi projetado para identificar o conteúdo molecular de alimentos, medicamentos e até mesmo plantas. Claro que estas soluções são internas, desenvolvidas para uso dos grandes fabricantes.

Quanto às inovações voltadas ao gosto, a saudabilidade, podem vir da nutrigenômica. O campo combina genética e ciência nutricional, utilizando as sequências do DNA de uma pessoa para revelar informações sobre as necessidades do seu organismo

Na prática, a pessoa teria o DNA mapeado e depois receberia, por meio de um aplicativo, quais são os alimentos que ele precisa consumir ou evitar. Em outras palavras: uma dieta absolutamente personalizada, desenvolvida para a estrutura genética de cada cidadão.

Aproveite para ler em seguida: Consultoria de Alimentos: como as empresas realizam projetos compartilhados

O futuro da alimentação durante a quarentena do COVID – 19

Claro que todos os dados e todas as soluções apontadas vinham sendo desenvolvidas em um mundo fora da quarentena, o que não significa que tudo tenha sido abandonado, mas certamente muitas soluções vão demorar mais para entrar em ação.

Por exemplo, ainda não há um estudo confiável sobre o quanto as pessoas estão propensas a consumir proteína originada de insetos, já que existe uma suspeita de que o novo coronavírus tenha se originado em uma alimentação “não convencional”.

O mais provável é que os hábitos alimentares das pessoas mudem drasticamente. Muitas pessoas que antes compravam comida congelada hoje estão preparando a própria alimentação, enquanto outras famílias estão economizando e buscando soluções mais baratas e saudáveis.

Como palavras finais deixamos a observação de alguém que lida diariamente com os desafios do setor alimentício e pensa no futuro da alimentação, Maurício Antônio Lopes é engenheiro agrônomo e presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele diz:

“Será preciso lidar com uma realidade desafiadora para o mundo da agricultura e da alimentação no horizonte de 2050. Crescimento econômico e dinâmica populacional serão os principais motores das transformações, com impactos significativos nos padrões de consumo e de produção de alimentos em todo o mundo.

Com base nesses futuros possíveis, pode-se dizer que o Brasil, que consolidou liderança na produção, a custos competitivos, de grandes volumes de commodities agrícolas, precisará se concentrar mais em diversificar, especializar e agregar valor à sua produção. Além de ampliar substancialmente a organização e o profissionalismo de seu sistema agroalimentar e agroindustrial. Essas são condições essenciais para o país ganhar competitividade e presença nos mercados mais sofisticados e complexos que irão prevalecer no futuro.”

Caso você tenha gostado deste conteúdo e ficou com vontade de saber mais sobre o futuro da alimentação e desse mercado, aproveite para entrar em contato conosco que conversaremos sobre muito mais.

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