PANCs: plantas comestíveis conquistam novos consumidores

O termo PANC ou PANCs está cada vez mais comum, mas você sabe o que representa essa sigla? O significado é plantas alimentícias não convencionais, ou seja, são espécies que não fazem parte da nossa rotina alimentar, mas se mostram uma excelente fonte de nutrientes.

 

As PANCs podem ser, por exemplo, folhas, verduras, frutos e raízes, muitas com grande potencial nutritivo e sabor. Aliás, muitas plantas comestíveis são descartadas por serem confundidas com pragas e ervas daninhas, assim como a rúcula, que era considerada uma planta invasora até algum tempo atrás.

 

Antigamente, grupos tradicionais tinham o costume de cultivar esses produtos. Grupos como, por exemplo, quilombolas, ribeirinhos, indígenas e, até mesmo, nossos avós e bisavós, o que exerceu uma forte influência regional.

 

Logo, ao pegar livros de receitas mais antigas, como o “Dona Benta” é possível encontrarmos menções ao caruru-azedo (hoje conhecido como vinagreira), à beldroega e à taioba, por exemplo.

 

Isso, por sua vez, indica que houve um consumo desses vegetais, mas a compra e o cultivo foi diminuindo por conta da praticidade dos alimentos industrializados.

 

Então, acrescentar as PANCs na sua dieta não é apenas uma questão de saúde e diversidade alimentar, mas também um resgate do uso de espécies que sempre promoveram a saúde.

 

​PANCs mais comuns

 

O aumento da procura pela alimentação saudável, resulta em uma inserção cada vez maior dessas espécies no dia a dia dos brasileiros. E, para facilitar, listamos as PANCs mais comuns e que você já pode acrescentar na sua alimentação, como por exemplo:

 

  • Azedinha
  • Beldroega
  • Bertalha
  • Coração de bananeira
  • Dente-de-leão
  • Folhas da batata-doce
  • Ora-pro-nobis
  • Peixinho
  • Serralha
  • Taioba

 

​1. Azedinha

Também chamada de erva-vinagreira, é uma das PANCs mais famosas. Ela possui um sabor ácido característico e seu consumo pode ser tanto cru quanto cozido, em sucos, saladas, refogados, massas e sopas.

 

​2. Beldroega

A beldroega também é uma PANC comum e famosa por seus usos medicinais. Além disso, essa planta apresenta pequenas flores amarelas, sendo cozida ou crua devido a sua suculência.

 

​3. Bertalha

A bertalha é uma trepadeira conhecida também como espinafre-indiano, por causa da semelhança com a verdura imortalizada pelo Popeye. Analogamente aos usos do espinafre, suas folhas podem ser refogadas e utilizadas na preparação de tortas, sopas e saladas.

 

​4. Coração de bananeira

Também conhecido como mangará, o coração de bananeira é a parte da planta em que nascem os cachos de bananas, retirado quando as frutas ainda estão verdes. A parte interna do vegetal lembra um coração – por isso o nome – e apresenta a mesma textura e coloração do palmito.

Imagem de uma das PANCs, a coração de bananeira

 

​5. Dente-de-leão

Provavelmente você já soprou um dente-de-leão para ver suas sementes voarem ao vento ou viu essa cena em algum filme. O que você não imaginava é que o dente-de-leão possui uma poderosa ação digestiva, recomendada para tratamentos do fígado.

 

​6. Folhas de batata-doce

A batata-doce é bem comum na mesa dos brasileiros, mas dificilmente a compramos com as suas ramas, porém saiba que suas folhas são ricas fontes de nutrientes e antioxidantes. Mas fica o aviso! Quando cruas, podem ser tóxicas, mas refogadas, são totalmente seguras e saborosas.

 

7. Ora-pro-nobis

Popular no estado de Minas Gerais, a planta é uma ótima fonte de fibras, proteínas e vitaminas. Além disso, possui alto teor de proteína – aproximadamente 25% de sua composição –, as folhas e o caule da ora-pro-nobis podem ser consumidos em saladas, refogados, omeletes, massas e sucos.

 

​8. Peixinho

Suculenta e de cor verde-prateada, costuma-se consumir a PANC frita ou empanada, em pratos elaborados ou como petiscos.

 

​9. Serralha

A serralha é uma planta muito parecida com o dente-de-leão, mas a primeira não tem caule e produz somente uma flor, amarela e grande, a serralha possui caule longo e desenvolve cachos de flores amarelas. Ambas têm ação tem ação anti-inflamatória, anticancerígena e purificante.

 

​10.Taioba

A Taioba é comumente chamada de orelha de elefante por conta do formato de suas folhas. Suculenta e com um preparo similar ao da couve, a taioba é uma das plantas ideais para tornar o cardápio mais nutritivo.

 

​Cultivo das PANCs

 

As hortaliças e legumes convencionais, como a couve, a cenoura e a batata, possuem cuidados muito semelhantes em relação ao seu cultivo. Essas espécies gostam de solos férteis, com irrigação periódica e luz solar abundante.

 

a imensa maioria das PANCs requerem necessidades diferentes, podendo ocupar espaços onde há pouca insolação, cujo solo não seja tão fértil, ou úmido ou seco demais para as culturas convencionais, segundo o Guia Prático de PANC.

 

Apesar de apresentarem um elevado potencial produtivo, além de elevado valor nutritivo e paladar diferenciado, muito valorizado pela gastronomia, a grande maioria delas não está organizada em cadeias produtivas.

 

Por isso, a Embrapa Hortaliças vem trabalhando desde 2008 com a manutenção de um banco de germoplasma, que hoje conta com mais de 50 espécies de hortaliças PANC e também com seus sistemas de produção, a fim de suprir a necessidade de informações sobre o cultivo e as formas de consumo dessas espécies.

 

Além disso, o cultivo dessas hortaliças não-convencionais por agricultores familiares e agricultores urbanos pode proporcionar o enriquecimento da dieta alimentar local, a diversificação da produção e representarem significativa oportunidade de renda para as famílias.

 

​Conclusão

 

As PANCs são uma boa opção para aqueles que buscam um estilo de vida mais natural, porque trazem benefícios aos indivíduos e ao meio ambiente, porque além de suas vantagens nutricionais, essas espécies causam um impacto na agrobiodiversidade brasileira.

 

A popularização do uso e de práticas alimentares que incluam as plantas não convencionais pode gerar atividades remuneradas na produção e comercialização deste tipo de alimento, assim, ajudando comunidades carentes.

 

Além disso, essas plantas são de fácil plantio e resistem às condições adversas do ambiente, sendo possível plantá-las em solos pouco férteis, como o semiárido que ocupa 12% do território nacional e abriga cerca de 28 milhões de habitantes.

 

Para quem se interessou pelo tema e quer aprender mais, a Embrapa disponibiliza gratuitamente duas cartilhas, uma que aborda as espécies e pratos típicos e outra o plantio e produção.

 

Por fim, aqui no blog do GEPEA você pode ler nosso texto sobre sustentabilidade para saber mais sobre como é possível produzir e preservar. E não deixe de entrar em contato para dúvidas, sugestões e parcerias.

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