Um mecanismo sensorial complexo é acionado pela degustação e traz prazer para quem come. Isso é resultado da interação entre as percepções de diversos sentidos. Chamamos de sensorialidade e prazer a relação entre esses múltiplos fatores.
E conhecer sobre sensorialidade e prazer é dever de todo empreendedor que busca se desenvolver dentro do mercado de alimentação. Seja um produtor, um revendedor, um desenvolvedor, etc.
Está em tudo e abrange todos os sentidos: está no paladar, no olfato, na textura, nas cores, enfim. Uma alta gama de informações que são enviadas pelo alimento, recebidas e processadas pelo consumidor. Tudo isso em uma velocidade impressionante.
Então, hoje decidimos falar sobre sensorialidade e prazer. Quais são os elementos determinantes e o que você pode fazer para trazer uma experiência inesquecível aos seus consumidores.
Muito bem, vamos começar. Fique confortável e aproveite a leitura!
Leia mais sobre “Desenvolvimento de produtos alimentícios: o que você não pode deixar de considerar para lançar um novo”.
Sensorialidade e prazer: conceitos básicos
Qualquer experiência sensorial é multidimensional e pode ser despertada no ato da alimentação. Em instantes os cinco sentidos são acionados, formando diferentes emoções compostas por um conjunto de interações.
Visão, audição, tato, olfato e paladar possuem peculiaridades próprias e vão participar ativamente na percepção dos alimentos.
Isso é importante hoje quando o consumidor está cada vez mais ávido por novas experiências. O que transforma o conhecimento, em sensorialidade e prazer, valiosa ferramenta para o desenvolvimento de produtos.
Alinhar a presença de cada ingrediente visando estimular os sentidos e despertar as melhores percepções é uma maneira segura de conquistar o seu público.
Então, falaremos em detalhes sobre os 5 sentidos e como você pode utilizar cada um deles em favor da sensorialidade e prazer dos seus clientes.
Sensorialidade e prazer: utilizando a Visão
Um dos sentidos mais importantes da análise sensorial. É por meio da visão que são obtidas as primeiras impressões dos produtos. Avaliamos sobretudo:
- Cor;
- Tamanho;
- Formato;
- Brilho ou opacidade;
- Consistência e espessura;
- Possível grau de efervescência;
- Integridade;
- Defeitos ou imperfeições;
- Granulometria e demais características associadas com a textura.
A aparência do produto é avaliada pelo consumidor no momento da compra, antes mesmo de sentir o cheiro ou o sabor. Então, o impacto visual é o primeiro elemento de venda que o seu produto precisa ter.
As características visuais induzem o consumidor e criam expectativas sobre o sabor do produto. A visão até mesmo prepara os demais órgãos sensoriais para as suas próprias percepções.
Veja, por exemplo: um alimento em deterioramento é sempre percebido como algo de sabor inferior. Mesmo que não tenha sido provado.
Sensorialidade e Prazer: o uso do Olfato
Assim como o paladar, o olfato é um sentido químico. Embora seja comum pensarmos nos dois sistemas sensoriais como separados, eles atuam em sintonia.
Saiba que o ser humano é capaz de perceber mais de 10 mil tipos de odores, cada um definido por uma estrutura química. Esta capacidade faz com que o olfato tenha participação no gosto associado ao alimento.
Então, parte do que se identifica como “gosto” também é o aroma.
Veja também: “A cadeia de produção de alimentos e sua complexidade”.
Diferenças entre odor e aroma
Aqui cabe uma observação para tirarmos a dúvida sobre essa diferença.
A ISO 5492:2008 diz: “O odor é uma propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando certas substâncias voláteis são aspiradas e, o aroma, como uma propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo via retronasal durante a degustação.”
Então, a diferença é sentir o cheiro de algo que está no ambiente (olfato ortonasal), e de algo que está dentro do nosso corpo, sobretudo na cavidade oral (olfato retronasal).
Olfato, nesse sentido, é a percepção do que estamos comendo ou mastigando. E, portanto, não é possível separar o olfato do paladar. Já que as percepções são captadas juntas.
O olfato e a memória afetiva
Também precisamos destacar que o olfato exerce um papel fundamental nos processos de interação afetiva entre seres humanos. Bebês com poucos dias de nascimento são capazes de identificar os cheiros da mãe em comparação com outras pessoas.
Essa experiência olfativa é registrada e pode ser reativada caso o odor seja sentido novamente. Daí os cheiros serem um excelente dispositivo de memória afetiva.
Sensorialidade e prazer: utilizando a Audição
Comer produz som. Essas informações são registradas durante a mordida, a mastigação ou a manipulação do produto e complementam a percepção de textura. Sons agradáveis trazem prazer na alimentação.
A audição participa informando sobre os eventos que produzem som e são importantes na percepção das características crocantes. Um pão fresquinho de manhã tem a sonoridade agradável em comparação com pães do dia anterior, por exemplo.
Biscoitos tiram proveito do som na busca pela complementação do sabor. O “Crock” de uma mordida é também um fator de prazer para quem come. Veja como a crocância foi fator chave para a Dom Amendoim em seus croquinoles.
É muito comum para nós associarmos o som ao frescor de um alimento. Normalmente, quando se espera que alimentação tenha um certo “barulho” e ele não acontece, rapidamente aceitamos que aquele alimento está passado, ou velho.
Da mesma maneira associamos diversos sons às bebidas, como champagnes, refrigerantes, até mesmo sucos e águas gaseificadas.
Aproveite para ler também: “Mudanças no Food System para a próxima década”.
Sensorialidade e prazer: utilizando o Tato
Textura, forma, peso, temperatura e consistência do produto são apuradas pelo tato. E estas percepções influenciam completamente o prazer de comer.
Note que cada alimento tem uma textura e com ela nós podemos especificar a qualidade, o frescor e até o sabor esperado. O tato ajuda a diferenciar entre o calor do café recém-passado e o gelado do milkshake.
Ele também ajuda na distinção da fluidez de um suco e a consistência de uma vitamina. Falando em termos técnicos, toda textura é composta por três elementos:
- Mecânico – resultado da pressão feita pelo alimento nos dentes, na língua e no palato;
- Geométrica – associada ao tamanho e ao formato do alimento;
- Lubrificantes – associada a oleosidade e umidade do alimento.
A análise de textura é feita com base na norma ABNT NBR ISO 11036: 2016 que normatiza os termos e os procedimentos.
Sensorialidade e prazer: utilizando o Paladar
Agora que já falamos de todos os outros sentidos podemos fazer a união de diversos fatores para compor o que chamamos de paladar.
Esse é o sentido que permite detectar o gosto dos alimentos. Dividido em 5 básicos:
- Doce;
- Amargo;
- Salgado;
- Ácido;
- Umami.
O paladar funciona com a união das papilas gustativas distribuídas em toda a boca. Ou seja, ele faz uso da língua, do palato, das bochechas e até mesmo do esôfago.
Houve um equívoco de imaginar que os gostos básicos eram percebidos em determinadas regiões da língua. Contudo, descobriu-se que as células receptoras dos gostos estão localizadas nas papilas espalhadas por toda a boca.
O paladar é formado por uma complexidade particular e se insere nas percepções de todos os outros sentidos. Isso ocorre, pois, as pessoas apresentam sensibilidades diferentes em relação ao gosto.
Leia em seguida o texto “Embalagem de alimentos: como definir a melhor para o produto“.
A diferença entre gosto e sabor
O gosto é restringido aos 5 gostos básicos, já o sabor é integrado por um conjunto de sensações. O sabor é a experiência com a mistura de todos os outros sentidos, segundo estabelece a ISO 5492:2008.
Ou seja, quando alguém diz que um alimento tem um sabor agradável ele está na verdade elogiando todos os sentidos associados ao alimento. O gosto, o tato, a visão, a textura e o som.
Comparações entre produto
Depois de tudo o que dissemos você já é capaz de concluir que a sensorialidade e o prazer também estão relacionados à comparação com outros produtos. Ou seja, eles são contextuais.
Se um produto salgado é experimentado logo após um doce, este terá o seu sabor “reforçado”, de certa maneira. Fazendo com que o inverso também seja verdadeiro.
Essa particularidade da sensorialidade pode se tornar uma ferramenta interessante nas mãos da indústria alimentícia, sobretudo quando somados diversos sentidos em uma única estratégia.
Por exemplo, comerciais de bebidas lácteas consumidas quentes sempre mostram ambientes aconchegantes, pois essa visão traz associações melhores para o prazer gerado pela bebida.
Já os comerciais de alimentos gelados por sua vez trazem movimento e a apresentação de ambientes externos, com muito sol, propondo assim um novo contexto.
Sensorialidade e prazer são dois elementos indissociáveis do ato de se alimentar. Todas as pessoas buscam uma experiência incrível, mesmo que estejam consumindo um produto de alimentação rápida.
Agora você já sabe em detalhes como cada um dos sentidos se apresenta, se manifesta e como pode ser utilizado para trazer melhores resultados para o seu produto.
Ficou com dúvidas ou gostaria de obter mais informações? Entre em contato conosco, estamos disponíveis para conversar e trocar experiências. Agradecemos a leitura e até a próxima.