Seguindo a parceria entre GEPEA e a Food Ventures, vamos agora abordar o tema Tecnologias no setor alimentício: novas formas de produzir alimentos, e vamos conversar sobre os impactos, mudanças e inovações no setor: impressão 3D, robôs, cozinhas inteligentes e alimentação por pílulas.
A parceria entre o GEPEA e a Food Ventures visa criar um conteúdo rico, que traga a visão de negócios da Food Ventures em conjunto com a visão acadêmica da Empresa Júnior.
Dessa forma, alguns assuntos já foram discutidos até agora: as Mudanças na indústria com Covid19, Papel da embalagem, e a Complexidade do FoodSystem.
Tecnologias 3D
A impressora 3D surgiu em 1984, inventada por Chuck Hull, um engenheiro físico norte-americano do estado da Califórnia, mas só recentemente foram surgindo no mercado mainstream. Vimos sua utilização na área médica, com impressão de próteses e tecidos; vimos seu uso em escala industrial, com impressão de peças e materiais. Agora, cada vez mais, vemos seu uso dentro da indústria de alimentos.
A precursora da impressão 3D foi a NASA com o projeto NASA Advanced Food Program (Programa Avançado para Alimentos da NASA, em tradução literal). Voltado para encontrar formas de alimentar as equipes de astronautas em grandes viagens, o programa desenvolveu o Chef3D. Essa impressora foi capaz, na época, de imprimir uma pizza que, para ser preparada, teve que apenas ser colocada no forno.
Atualmente, as impressoras podem utilizar alimentos como matéria-prima, moldar comidas prontas em diferentes formatos ou imprimir, cozinhar e praticamente servir o prato pronto.
Soluções personalizáveis
É inquestionável a revolução que a impressão 3D tem causado na produção de alimentos e seu mercado. Além de trazer customização e inovação ao mercado alimentício, essa nova tecnologia também pode agregar com seu caráter personalizável.
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Além da impressão de alimentos, é possível imprimir produtos e equipamentos para o ramo, inovando em soluções para problemas existentes. É o caso do The Clay Pantry, produto criado por Lea Randebrock, uma designer e estudante que desenvolveu uma solução de armazenamento utilizando impressora 3D e materiais feitos a partir de argila.
Pensando em resolver o problema do desperdício de alimentos, o The Clay Pantry oferece uma solução compacta e estilosa para manter produtos alimentícios armazenados. Além de estender a vida útil de frutas e vegetais, cada design do Clay Pantry foi personalizado para atender às necessidades de alimentos específicos.
Fonte: 3D Printing Media
A verdade é que inúmeros produtos inovadores podem ser criados com a ajuda das impressoras 3D. Novos sabores podem ser elaborados e tanto a saúde quanto o meio ambiente podem se beneficiar dessa nova tecnologia.
Leia depois: “Shelf life: 6 fatores que influenciam a validade do seu produto“.
Benefícios para a saúde
Outra contribuição pontual das impressões 3D tem sido para nossa saúde. Existe a possibilidade de conectar dispositivos à impressora 3D, como, por exemplo, um contador de calorias que transfere os dados registrados para uma impressora e, a partir disso, uma refeição customizada é preparada.
Além disso, outras aplicações de impressoras na 3D na área da saúde são, por exemplo, o uso para imprimir refeições adaptadas a pacientes de hospitais, respeitando as necessidades nutricionais e as dificuldades biomotoras (como para mastigar), acelerando assim recuperação.
Comida saudável impressa através de novas tecnologias
Como vimos na matéria anterior da parceria entre GEPEA e Food Ventures, a qual abordava o tema do mercado vegano e vegetariano, a carne vegetal impressa é uma das tendências desse mercado inovador.
Empresas como a startup espanhola, NovaMeat, e a startup israelense, Redefine Meat, focam nessa tecnologia e na corrida internacional para capitalizar no crescente mercado de carne artificial.
A Redefine Meat foca na produção em 3D de bifes com “nervos e músculos”. Segundo o CEO Eshchar Ben-Shitrit, eles pretendem entregar um produto que permita tudo o que um produto animal permite. Bifes, carne assada, grelhada, slow cooking e mais.
O propósito da empresa israelense também é criar impressoras a nível industrial, que seriam vendidas para distribuidoras de carne ao redor do mundo e fariam parte da cadeia de produção de carne.
O futuro da impressão 3D no setor de alimentos
Segundo o site Food Safety Brazil, o jantar dos anos 2050 será “chegar em casa cansado, tirar do congelador um pacote de almôndegas desenvolvidas em laboratório e digitar na impressora 3D o cardápio”. Sendo que a pizza será feita de ingredientes em pó a base de insetos e algas, os tomates serão modificados geneticamente e o ovo na verdade será feito de gergelim.
Será verdade? Claro que o cenário imaginado juntou várias inovações do setor alimentício propositalmente. Mas não há como negar que no futuro teremos muitas possibilidades de refeições e produções não convencionais, sendo a impressão digital de alimentos apenas uma delas.
Alimentação preparada por robôs: mais uma das tecnologias
Com o crescimento das tecnologias e avanços que ocorreram nas últimas décadas, a automatização e uso de tecnologias no setor alimentício já é uma realidade. As linhas de produção em fábricas demandam menos empregados humanos e observa-se mais máquinas atuando. Estudos apontam que 73% das tarefas hoje realizadas por trabalhadores possuem potencial de automatização.
Na China, já há dois anos, robôs fatiam o tradicional macarrão noodle e, nos Estados Unidos, a empresa Momentum Machines oferece uma máquina que prepara 360 hambúrgueres/hora.
O aumento do consumo em restaurantes originou uma demanda de otimizar, digitalizar e auxiliar o aumento das vendas. Desde 2012 foram investidos mais de US$2,5 bilhões em um total de 600 startups de “restaurante techs”. E foram criadas soluções que auxiliam a automatizar a cozinha, a entrega e aumentar a capacidade de venda.
Indústria 4.0 dentro das cozinhas
A digitalização e automatização começam a dar lugar à robótica inteligente: a combinação dos últimos avanços de inteligência artificial com os robôs transformará a sociedade e o atendimento que temos. A chamada indústria 4.0 começa a se inserir nos restaurantes.
Uma das vantagens da Indústria 4.0 é que com ela você personaliza o seu serviço e/ou produto para o consumidor. O comportamento e as preferências do consumidor atual mudaram e, com isso, novas ferramentas digitais, a forma como trabalhamos, compramos e vivemos se transformaram também.
Os robôs de cozinha se tornaram uma tendência e, com eles, o tempo de preparo foi reduzido pela metade. Máquinas como a Thermomix e Cooking Chef tem a promessa de preparar uma sopa em 20 minutos ou uma lasanha em 30 e passaram a ser essenciais em muitas locais.
Tendências e tecnologias para o futuro
Mas a utilização das novas tecnologias está indo muito além da inserção de máquinas para preparação de alimentos na cozinha. Existem diversos restaurantes que, na atualidade, já encontram-se no mercado 100% automatizados e que utilizam somente tecnologias em sua produção. Muitas vezes sem mesmo humanos atuando presencialmente.
Para exemplificar a inserção dessas tecnologias na sociedade, vejamos o exemplo da marca Eatsa. A Eatsa é uma rede americana de restaurantes fast food que, em menos de 10 minutos da sua entrada na loja, permite que a comida já fique pronta para consumo no local ou para viagem.
A proposta da marca é não precisar de preocupação com o tempo para filas, atendentes demorados, erros de pedido e tempo de preparação.
No Eatsa você faz o seu pedido através de tablets localizados no interior da loja ou até mesmo pelo aplicativo no seu trajeto até o local. O pedido é retirado em “portinhas” automáticas que projetam o nome do cliente e qual era o pedido quando estão prontos.
A utilização de robôs permitiu com que a empresa crescesse e seu lucro aumentasse. As pessoas buscam cada vez mais praticidade, serviço e qualidade. Essas são as tendências futuras para o mercado de alimentos: utilização de novas tecnologias, robôs e inteligência artificial para aumentar e otimizar os lucros e atrair mais clientes.
Não deixe de ler: O futuro da alimentação e o papel das empresas do setor
A influência da pandemia do COVID-19 na utilização de robôs
De acordo com artigo publicado no G1, a pandemia do novo coronavírus, deixou claro para os cientistas que o papel dos robôs nunca mais será o mesmo. Essa tecnologia servirá como elemento para uma utilização muito mais ampla das máquinas inteligentes, que ficarão encarregadas do trabalho maçante, sujo e perigoso.
No setor de alimentos isso não é diferente: robôs começam a ser empregados a fim de evitar contato direto entre vários indivíduos e o contato de diversas pessoas com a comida que será servida. Evitando possíveis propagações do vírus.
O canal sobre tecnologia da UOL trouxe um conteúdo que expunha como uma rede americana de fast food utilizou robôs na pandemia. A rede chamada White Castle, utilizou o robô responsável por fritar batatas a seu favor em tempos de isolamento.
A White Castle afirma que nenhum funcionário humano precisa ajudar a fazer batatas fritas, evitando aglomerações nos espaços de cozinha e a possível contaminação dos alimentos que serão servidos. Mesmo assim, a rede garante que ninguém foi demitido e que, por causa dos novos protocolos sanitários, os empregados foram realocados para novas funções.
A fritadeira de batatas consiste em um grande braço robótico que usa inteligência artificial para pegar batatas cruas e jogá-las na fritadeira com óleo quente. Além disso, também dá umas chacoalhadas de tempos em tempos para garantir a uniformidade da fritura.
Refeições em cápsulas e cozinha inteligente
Origem da alimentação por pílulas
Uma sufragista, no século XIX, foi a primeira pessoa a pensar na possibilidade de refeições em cápsulas. Mary Elizabeth Lease escreveu uma dissertação que colocava as refeições em cápsulas como a libertação das mulheres na cozinha.
Séculos depois, o medo de que o planeta não conseguisse produzir alimentos o suficiente para toda sua população também fez com que a ideia de refeições encapsuladas parecesse inevitável.
Corrida espacial como impulsor de tecnologias
Na época da corrida espacial, as refeições em pílulas foram vistas como o próximo passo na evolução dos alimentos.
Os astronautas enviados em missões espaciais se alimentavam através de nutrientes processados em forma de pó. Que poderiam ser reidratados e consumidos através de canudos, como uma espécie de gel.
Aqui na Terra, a novidade fez com que crianças e adultos também quisessem fazer parte da experiência, abrindo precedente para que barrinhas de cereal envoltas em papel alumínio e sucos em pó, como o Tang, se tornassem populares. A ascensão de alimentos condensados e desidratados colocou as refeições encapsuladas de volta ao mapa.
A evolução das refeições em cápsulas
Os substitutos de refeições ainda geram muita controvérsia. Apesar de serem vendidos como concentrados de vitaminas e outros nutrientes, médicos e nutricionistas ainda mantêm uma opinião bem cuidadosa sobre quais seriam os prós e contras. Muitos consideram que devem ser usados como complementos de refeições, e não substitutos.
A verdade é que os consumidores, principalmente nos tempos atuais, querem comer saudável com o mínimo de esforço. A demanda por alimentos naturais, orgânicos e saudáveis vem aumentando muito. A indústria de alimentos tenta se adaptar criando refeições prontas para comer que levam menos ou nenhum tempo de preparo e a mesma quantidade de nutrientes.
Quer saber mais sobre tecnologias no contexto atual? Confira Tecnologias e novidades no contexto pandêmico atual.
Superalimentos, suplementos alimentares e alimentos funcionais
Quando pensamos em alimentação por cápsulas podemos relacionar aos famosos suplementos alimentares. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), os suplementos estão em 54% dos lares brasileiros.
A premissa é muito parecida: alimentos sintetizados, com alta concentração de nutrientes, eliminação de substâncias indesejáveis, como sal, açúcar, etc. E vendidos em forma de pó, cápsulas ou shakes.
Muitos desses suplementos são compostos pelos chamados superalimentos, como as microalgas. São alimentos com presença de diversas vitaminas, minerais e fitoquímicos em quantidades suficientes para proporcionar um benefício adicional.
Há também os alimentos funcionais, que são aqueles com funções nutricionais básicas e ingredientes específicos que fazem bem para a saúde, podendo reduzir o risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes.
Um exemplo de sucesso desse novo estilo de alimentação é a Qpod: marca brasileira que utiliza a liofilização.
A liofilização é um processo de desidratação utilizado nas comidas dos astronautas. Consiste no congelamento dos alimentos abaixo de -30 C° seguida da submissão a uma pressão negativa. Esse processo retira a água das células congeladas diretamente do estado sólido para o gasoso, preservando os nutrientes, tamanho, cor, sabor e aroma.
Os produtos liofilizados têm baixo peso, pois a maioria dos alimentos possui mais de 80% de água. Mas contém os mesmos nutrientes dos alimentos em estado natural.
Fonte: Qpod
Genie é um gênio
Podemos esperar que o nicho de tecnologia aplicada a alimentos ainda vai crescer bastante. A tecnologia é empregada para garantir alimentação balanceada com facilidade para todos, seja por pílulas ou não.
Os benefícios da alimentação por cápsulas se espelham na gastronomia molecular, ou seja, sabores, temperos e nutrientes são condensados e o consumo de quantidades equilibradas de nutrientes é garantido.
Para isso, foi necessário que se criassem máquinas específicas, controladas por sensores eletrônicos e sistema computadorizado, como é o caso da Genie. Controlada por inteligência artificial e robótica avançada, ela performa as mais complexas tarefas culinárias e entrega refeições saudáveis e saborosas sem produzir desperdício.
Fonte: genie.cooking
Os “fornos inteligentes” da Genie conseguem escanear um código de barras presente nas cápsulas e cozinhar cada refeição em uma sequência específica, como esquentar, esfriar ou cozinhar no vapor.
Fundada em 2014, em Israel, além dos “fornos inteligentes”, a Genie também produz refeições criadas através da liofilização, assim como da Qpod, e feitas com ingredientes frescos, desidratados e livres de conservantes e sabores artificiais.
O futuro da alimentação
Além dos benefícios já citados, como a concentração de nutrientes, fica claro que conveniência e facilidade são grandes motivadoras para o advento das refeições em cápsulas.
Muitos consumidores já acolheram novas formas de se alimentar, seja por sistemas que utilizam cápsulas para bebida ou comida, seja por máquinas inovadoras que cozinham sozinhas, seja por pílulas ricas em nutrientes.
Isso quer dizer que as oportunidades estão em aberto e podemos esperar um futuro com mais dispositivos inteligentes, utilização de algoritmos, inteligência artificial e machine learning. Estes sistemas introduzem um novo e revolucionário modo de preparar alimentos nutritivos e naturais sem muito esforço dentro de casa.
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