Boas Práticas de Fabricação: o que são e por que aplicá-las

Se você é empresário da indústria alimentícia ou está começando nesse ramo, já deve ter ouvido falar nas Boas Práticas de Fabricação, certo? Neste post, vamos falar mais sobre esse tema e saber como essas normas funcionam.

A qualidade é hoje a principal palavra-chave na fabricação de alimentos.

Isso se justifica com base na mudança de postura dos consumidores em escala mundial. Eles agora procuram alimentos saudáveis que tragam benefícios, transmitam segurança e que sejam atraentes e, além disso, sejam fabricados de forma sustentável, ou seja, sem prejudicar o meio ambiente.

Assim sendo, as características sensoriais e nutritivas de um alimento não são os únicos quesitos que uma indústria deve seguir. É também de igual importância que os alimentos que chegam à mesa dos consumidores todos os dias sejam livres de qualquer risco de contaminação e preservem a saúde.

As Boas Práticas de Fabricação surgiram nos Estados Unidos devido à ocorrência de intoxicações e contaminações em massa de produtos farmacêuticos e cosméticos.

Por volta de 1964, o governo norte-americano, que estava preocupado com a situação dos produtos de higiene pessoal e de cosméticos em geral, solicitou ao Departamento de Saúde, Educação e Bem-estar, que abriga o Food and Drug Administration – FDA, que realizasse uma análise destes produtos no mercado.

O resultado mostrou que quase 20% das amostras apuradas estavam contaminadas com micro-organismos que, em grande quantidade, eram capazes de provocar alterações na visão humana. Preocupante, não é mesmo?

Todos os processos industrializados estão sujeitos a inúmeros tipos de contaminações, daí a importância de adotar um sistema que se adapte ao seu tipo de produção e evite, de forma eficaz, que seu produto prejudique o consumidor.

Continue lendo para saber como se prevenir e garantir a qualidade da sua produção.

O que são as Boas Práticas de Fabricação?

As Boas Práticas de Fabricação – BPF são normas que tratam de um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias alimentícias a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos com os regulamentos técnicos predefinidos. 

Por muito tempo, essas medidas foram apenas uma recomendação, mas com o tempo se tornaram obrigatórias e hoje são regidas pela legislação sanitária federal vigente em caráter geral, sendo aplicáveis a todo tipo de indústria deste segmento. 

Para as indústrias de alimentos no Brasil, essas práticas devem seguir de acordo com as orientações de algumas normas, como RDC nº 275/2002 e RDC 216/04, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, ISO 22000 e Segurança: NR12.

Essas normas são um conjunto não só de regras, mas também de atitudes que, quando implementadas, garantem um alimento seguro para consumo dos clientes.

Elas são uma base obrigatória que toda empresa precisa ter para implantar as três etapas do processo de Boas Práticas de Fabricação. 

A primeira etapa é a elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação.

Esse manual deve levar em conta todos os procedimentos da indústria, como aqueles referentes à manutenção de instalações, prevenção de contaminação de utensílios, equipamentos, funcionários, áreas de produção, produtos químicos, pragas, água utilizada nos processos e forma de descarte do lixo.

Nele devem estar contidas as descrições detalhadas das atividades e dos procedimentos que a empresa adota em relação ao que produz, manipula, transporta, armazena, descarta e comercializa, em particular.

Ou seja, é um processo de conhecimento profundo sobre a empresa e suas próprias características, por isso deve ser feito por alguém com experiência, que saiba o que não pode passar despercebido de forma alguma.

Por isso, esse levantamento e a elaboração do manual devem ser feitos por um responsável técnico ou profissional contratado especificamente para essa função.

Após elaborado o manual, a segunda etapa é realizar um treinamento com todos os funcionários para que eles possam se adaptar e eliminar os hábitos que podem causar prejuízos.

Enfim, a terceira etapa é a de verificação e monitoramento, que deve identificar qualquer processo que não siga o padrão estabelecido e aplicar medidas corretivas previstas no manual.

Esse é um processo constante e aberto a alterações. O manual deve ser atualizado sempre que haja a necessidade de renovar algum aspecto na estrutura física ou operacional da empresa.

É igualmente importante que todos os funcionários tenham acesso ao documento e estejam atualizados em caso de mudanças, pois isso motiva o trabalho em equipe e mantém colaboradores engajados.

Por isso é necessário que o manual retrate fielmente a realidade da rotina da empresa, com documentação que comprove tais procedimentos, como planilhas de controle, registros e checklists, por exemplo.

Por que aplicar as Boas Práticas de Fabricação?

Como pudemos ver, aplicar as Boas Práticas de Fabricação é uma obrigatoriedade e uma questão de segurança. Apesar de não ser algo notável em um primeiro momento, isso trará vantagens para sua empresa que serão perceptíveis a longo prazo.

Podemos citar:

  • liberação de documentos e equipamentos sem utilidade;
  • melhor visualização do local de trabalho;
  • rapidez e facilidade na busca de objetos;
  • eliminação de desperdícios;
  • controle do uso de equipamentos e documentos importantes;
  • maior facilidade de comunicação entre funcionários e setores;
  • prevenção de rupturas organizacionais;
  • prevenção de acidentes de trabalho;
  • manutenção da higiene do local de trabalho;
  • melhora da condição de saúde do ambiente de trabalho;
  • fluidez no cumprimento das atividades;
  • promoção de uma disciplina moral e ética;
  • cultivo de bons hábitos;
  • estimulação da participação de colaboradores.

Sendo assim, concluímos que as Boas Práticas de Fabricação são importantes para o bom funcionamento e a consolidação de qualquer indústria.

Esses passos devem ser seguidos com comprometimento e responsabilidade, lembrando que é um investimento que você, como empresário, estará fazendo.

No início, pode haver dificuldade ou até mesmo resistência a algumas mudanças, o que é normal, visto que são muitos detalhes que precisam ser seguidos à risca, mas, com o tempo, tudo entra em curso naturalmente.

Gostou de conhecer mais sobre as Boas Práticas de Fabricação? Ainda tem dúvidas? Fale com a gente!

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